Um rio nunca é o mesmo..


EU... caçador(a) de mim


O fator tempo muda de forma irreversível um objeto ou entidade...

e o que pensamos ser a mesma coisa, só porque tem o mesmo nome, na realidade é algo em fluxo contínuo de mudança.

Compartilho o meu olhar...o meu olhar mutante.

fevereiro 05, 2008

Situação Mundial da Infância - 2008

Sei muito bem o que é isso!!!
Como educadora recebo muitas crianças de famílias desfavorecidas.
Então vamos ao dados feitos pela Unicef...



Mais da metade das crianças brasileiras com idade até 6 anos são muito pobres

No último dia 22 de janeiro, a Unicef divulgou o relatório “Situação Mundial da Infância 2008”, que revela que das 20,6 milhões de crianças brasileiras com idade até 6 anos, 11,5 milhões (55,8%) fazem parte de famílias com renda mensal inferior a meio salário mínimo. Mais da metade dessas crianças muito pobres são negras.

Em idade fundamental para o desenvolvimento físico e mental, nossas crianças enfrentam sérios problemas em seu dia-a-dia para sobreviver.

É bem verdade que a situação melhorou em vários aspectos. Houve uma significativa melhora na taxa de mortalidade, que caiu de 46,9 para 24,9 por mil nascidos vivos, de 1990 a 2006. Entretanto ainda morrem cerca de 180 crianças por dia em nosso país, vítimas da pobreza.

A desigualdade das condições de vida nas diferentes regiões do Brasil são, ainda, enormes. Enquanto que o Índice de Desenvolvimento Infantil em estados das regiões Sul e Sudeste registram índices acima de 0,800, nas regiões Norte e Nordeste, esse índice não ultrapassa os 0,655.

Os pequenos avanços apontados pelo relatório fomentam a comemoração das pessoas envolvidas na luta pela melhoria de vida dos pobres em nosso país e na batalha pela superação da pobreza. Comemorar pequenas melhorias nesse campo é legítimo e encorajador. Entretanto a quantidade de crianças muito pobres que sobrevivem na miséria e daquelas que morrem antes mesmo de completar os 5 anos de idade significam, ainda, uma vergonha muito grande para um país que figura entre as 10 maiores economias do mundo.

O poeta argentino Armando Tejada Gómez, com arte e beleza, chama atenção para a responsabilidade que toda a sociedade deve assumir diante desse fato tão triste. Ele poetiza:

A esta hora, exatamente, há uma criança na rua.

É dever do homem proteger o que cresce, cuidar para que não haja uma infância dispersa pelas ruas, evitar que naufrague seu coração de barco, sua enorme vontade de pão e chocolate, caminhar por seus países de bandidos e tesouros pondo-lhes a esperança no lugar da fome.

De outro modo é inútil ensaiar na terra a alegria e o canto, de outro modo é absurdo porque de nada vale se há uma criança na rua.

Importam duas maneiras de conceber o mundo. Uma, ser alguém como as outras pessoas ou arrancar cegamente dos demais a bolsa e a outra, um destino de salvar-se com todos, comprometer a vida até o último naufrago.

Como se pode dormir de noite se há uma criança na rua?...

É difícil não se deixar cooptar pelas idéias festejantes e pelas atitudes comemorativas desta hora, em que os governantes, em suas mesas fartas, em suas casas amplas em ruas arborizadas e cercadas por agentes de segurança cantam vitória e fingem que dormem de consciência tranqüila.

Mas é imperativo que se resista à tentação de achar que tudo está bem. É preciso resistir, perseverar e, de jeito nenhum, de deixar de lutar, pois a esta hora, exatamente, não há uma criança na rua. Há muitas crianças na rua.


Flávio Boleiz Júnior

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