Um rio nunca é o mesmo..


EU... caçador(a) de mim


O fator tempo muda de forma irreversível um objeto ou entidade...

e o que pensamos ser a mesma coisa, só porque tem o mesmo nome, na realidade é algo em fluxo contínuo de mudança.

Compartilho o meu olhar...o meu olhar mutante.

maio 29, 2008

Vamos filosofar um pouco com Nietzsche ?


Nietzsche e a Cultura
(Do livro: Nietzsche Educador, Rosa Maria Dial, Editora Scipione,1990, pág. 81)

O Egoísmo das classes comerciantes – As classes comerciantes necessitam da cultura e a fomentam, embora prescrevendo regras e limites para sua utilização. Eis o seu raciocínio: quanto mais cultura, maior consumo e, portanto, mais produção, mais lucro e mais felicidade. Os adeptos dessa fórmula definem a cultura como um instrumento que permite aos homens acompanhar e satisfazer as necessidades de sua época e um meio para torná-los aptos a ganhar muito dinheiro. Assim, os estabelecimentos de ensino devem ser criados para reproduzir o modelo comum e formar tanto quanto possível homens que circulem mais ou menos como “moeda corrente”.
Com a ajuda de uma formação geral não muito demorada, pois a rapidez é a alma do negócio, eles devem ser educados de modo a saber exatamente o que exigir da vida e aprender a ter um preço como qualquer outra mercadoria. Assim, para que os homens tenham uma parcela de felicidade na Terra, não se deve permitir que possuam mais cultura do que a necessária ao interesse geral e ao comércio mundial.

5. Nietzsche como educador hoje
(Do livro: Nietzsche Educador, Rosa Maria Dial, Editora Scipione,1990, pág. 114 e 115)

Será que o pensamento de Nietzschepode ser usado, hoje, como um instrumento para pensar a educação: Será que seu exemplo ainda pode servir para nos educar e, consequentemente, educar a quem educamos?
Não há dúvidas quanto a essas questões. Nietzsche apontou problemas que, apesar dos esforços de alguns educadores bem-intencionados, ainda não foram resolvidos. Um deles – e talvez o mais grave – é o ensino da língua materna, até hoje um grande desafio. Cada vez mais, abandona-se a formação humanista, em favor de uma educação voltada para as necessidades do parque industrial.
Isto incentiva os indivíduos a um preparo rápido – uma profissionalização – que os torne aptos a trabalhar na “fábrica da utilidade pública” e a servir como técnicos na maquinaria do Estado. Uma formação humanista seria um luxo que os afastaria do mercado de trabalho.
Como filósofo-educador e “médico da cultura”, Nietzsche repensou as questões de educação a partir das necessidades vitais (que não se resumem à sobrevivência), e não às do mercado de trabalho, criado para satisfazer as exigências do Estado e da burguesia mercantil.
Adotou a vida como critério fundamental para todos os valores da educação e, com isso, destruiu as convicções que sustentavam o sistema educacional de sua época.
... Tomar como exemplo significa educar-se incansavelmente; adquirir uma capacidade crítica pessoal e uma capacidade de pensar por si; aprender a ver, habituando o olho no repouso e na paciência; dominar o “instinto do saber a qualquer preço”, utilizando este princípio seletivo: só aprender aquilo que puder viver e abominar tudo aquilo que instrui sem aumentar ou estimular a atividade; manter uma postura artística diante da existência, trabalhando como artista a obra cotidiana; “dar à vida o valor de um instrumento e de um meio de conhecimento”, procedendo de modo que os falsos caminhos, os erros, as ilusões, as paixões, as esperanças possam conduzir a um único objetivo – a educação de si próprio.
Em suma, tomar Nietzsche como exemplo não é pensar como ele, mas sim pensar com ele: “Nietzsche” não é um sistema, nem mais um pensador com um programa de educação. Nietzsche, como afirma Gérard Lebrun, “é um instrumento de trabalho insubstituível”.

maio 08, 2008

Você ama sua mãe como amo a minha?


Maternité - Pablo Picasso



O próximo domingo (10/05) é dia das mães...
Sei que as datas comemorativas são estratégias puramente comerciais, mas eu não poderia deixar de postar algo em homenagem a você querida mãe (Clarice).

TE AMO TANTO!!!


Tradução da música: Mother do Grupo Era


Mãe, você sempre está por perto
Deixe-me dizer que você é única
Mãe, quando eu vejo aquele olhar em seus olhos
Sei que você é minha única criança
E que você faz meu mundo girar
e girar

A mio sumoni
Io fanati vorento
A nereto veni
Gior si meno amante
T'empiro mentori
Sempire d'amor terra
Innosenta luna
Solite in amo retira/remano

Você ama sua mãe como amo a minha?
Você quer abraçá-la toda durante a noite?
A mágoa preenche minha alma
O amor é apenas o pesar
Descanse
Você ama sua mãe como amo a minha?
Você quer ser a única criança dela?
A mágoa preenche sua alma
A vida é apenas o pesar
Descanse
Eu descanso
Com minha cabeça no peito
Cabeça no peito
Cabeça no peito
Você ama sua mãe como amo a minha?

maio 07, 2008

Educação eco-centrada





Leonardo Boff




Há duas portas de entrada para a educação e para a socialização da vida humana: a família e a escola. Da família herdamos ou não o sentido da acolhida e da auto-confiança (da mãe) e o sentido dos limites e a percepção de valores éticos (do pai). A escola, alem que repassar informações, se propõe o objetivo de criar as condições para a formação de pessoas autônomas com competência para plasmar o próprio destino e aprender a conviver como cidadãos participativos. A educação, nesta perspectiva, era centrada no ser humano e na sociedade.

Esse propósito correto é hoje insuficiente. Depois que irrompeu o paradigma ecológico, nos conscientizamos do fato de que todos somos ecodependentes. Não podemos viver sem o meio-ambiente, com seus ecossistemas, que incluído o ser humano, forma o ambiente inteiro. Somos um elo da comunidade biótica. A humanidade não está frente à natureza, nem acima dela como donos mas dentro dela como parte integrante e essencial. Participamos de uma comunidade de interesses com os demais seres vivos que conosco compartem a biosfera. O interesse comum básico é manter as condições para a continuidade da vida e da própria Terra, tida como superorganismo vivo, Gaia.

O fato novo, até ha pouco ausente na consciência coletiva da grande maioria e também de cientistas, é que todo o sistema de vida está correndo risco. É conseqüência de uma civilização produtivista/consumista/materialista que tem predominado nos últimos séculos, hoje globalizada. Ela fez com que a Terra perdesse seu frágil equilíbrio e sua capacidade de autoregeneração. Temos que impedir que Gaia entre num processo de caos, buscando através dele um novo equilíbrio, mas à custa de pesados sacrifícios ecológicos como a dizimação de milhares de espécies, cataclismos, secas, inundações, insegurança alimentar em vastas proporções e, eventualmente, o desaparecimento de incalculável número de seres humanos.

A partir de agora a educação deve impreterivelmente incluir as quatro grandes tendências da ecologia: a ambiental, a social, a mental e a integral ou profunda(aquela que discute nosso lugar na natureza e nossa inserção na complexa teia das energias cósmicas). Mais e mais se impõem entre os educadores ambientais esta perpectiva: educar para a arte de viver em harmonia com a natureza e propor-se repartir equitativamente aos demais seres, os recursos da cultura e do desenvolvimento sustentável.

Precisamos estar conscientes de que não se trata apenas de introduzir corretivos ao sistema que criou a atual crise ecológica mas de educar para sua transformação. Isto implica superar a visão reducionista e mecanicista ainda imperante e assumir a cultura da complexidade. Ela nos permite ver as interrelações do mundo vivo e as ecodependências do ser humano. Tal verificação exige tratar as questões ambientais de forma global e integrada.

Deste tipo de educação se deriva a dimensão ética de responsabilidade e de cuidado pelo futuro comum da Terra e da humanidade. Faz descobrir o ser humano como o cuidador do jardim do Éden que é nossa Casa Comum e o guardião de todos seres. A democracia além de ser sem fim como o quer com razãoBoaventura de Souza Santos será também uma democracia sócio-ecológica. Junto com a cidadania (que vem de cidade) estará a florestania( que vem de floresta), ensaiada pelo governo petista do Acre. Ser humano e natureza se pertencem mutuamente e juntos devem construir um caminho de convivência não destrutiva.