Um rio nunca é o mesmo..


EU... caçador(a) de mim


O fator tempo muda de forma irreversível um objeto ou entidade...

e o que pensamos ser a mesma coisa, só porque tem o mesmo nome, na realidade é algo em fluxo contínuo de mudança.

Compartilho o meu olhar...o meu olhar mutante.

janeiro 17, 2008

Como Alimentar Crianças Difíceis

Alexandre Pimentel


- Mamãe, eu não quero salada...
- Mamãe, eu não gosto deste suco...

Ouvir frases desse tipo é muito comum em casas onde existem crianças. Você que é pai ou mãe deve ficar atento pois o q ue está em jogo é justamente a saúde de seus baixinhos.

O pensador indiano Jidu Krishnamurti (que considero o Paulo Freire oriental, guardadas as proporções) dizia que aqueles que nos dominam o fazem através da educação e da alimentação. Realmente isso procede na medida em que a televisão dita hábitos e costumes normalmente apoiados pela escola. Ao vislumbramos as cantinas e merendas oferecidas pela rede pública de ensino, fica difícil acreditar que aquilo seja alimento para educandos. Cria-se, então, o dilema “nutrição e educação” onde a comida dificulta o aprendizado e o aprendizado induz a hábitos artificiais.

Apoiado pela escola e pela mídia, seu filho acaba “decidindo” os próprios hábitos alimentares cuja origem é uma indústria altamente especializada na criação de dependência. Através de realçadores de sabor, conhecidos principalmente como glutamato monossódico, as fábricas manipulam as papilas linguais das crianças que passam a gostar somente de produtos que contenham essa química.

Para dar boa textura e crocância em vários salgadinhos, nugets e outros biocídicos industriais, a gordura vegetal hidrogenada é o grande segredo. Esta gordura, também chamada “trans” é utilizada ostensivamente pela indústria embora algumas empresas espertas já utilizem sua ausência como estratégia de marketing nas embalagens. Sorvetes e margarinas são os produtos alimentícios que mais contém essa gordura do mal.

Fora gordura trans e glutamato monossódico, temos uma impressionante coletânea de substâncias nocivas contidas nos produtos industriais. São corantes, conservantes, acidulantes, antiumectantes, espessantes e outros terrores que diariamente assolam a ecologia do corpo e conduzem pessoas à degeneração da própria espécie.

Toda a vez que você chega em casa trazendo uma balinha verde, um biscoitinho azul, um chiclete rosa ou uma garrafinha com líquido esquisito, você está prejudicando seus filhos.

Ainda defendo a possibilidade de darmos eventualmente aos homens e mulheres do futuro, doces de boa procedência feitos com açúcar mascavo: pé-de-moleque, paçoca, cocada etc. Gosto muito de fazer essas receitas em casa!

No capítulo “nutrição e educação” de meu livro, aprofundo a reflexão quanto à merenda escolar e hábitos familiares.

O mais importante é que seu armário e sua geladeira não sejam hologramas do supermercado, ou seja, reduza significativamente a quantidade de industrializados e passe a consumir em feiras livres orgânicas onde estará beneficiando diretamente aqueles que produzem.

Pesquise os alimentos saudáveis que seu filho mais gosta e estimule esse consumo. Por exemplo, se ele se dá bem com cenoura, faça suflê de cenoura, patê de cenoura para passar no pão etc.

Outra dica importante é o mascaramento de receitas. Digamos que seu filho deteste brócolis. Você poderá, por exemplo, passar o brócoli no liquidificador e aplicá-lo ao final do cozimento de um feijão ou em uma massa de pão. O feijão e o pão, aliás, são ótimos porque neles podemos esconder tudo que desejamos que nossos filhos consumam, sem que eles percebam. Com o tempo eles acabam gostando dos alimentos escondidos sem saber porquê.

Dessa forma faço meus filhos comerem: folhas de chuchu, mandioca (em pó) abóbora, brócolis, couve-flor, azedinha, vinagreira e melancia, sementes diversas como de jaca, linhaça e abóbora, farelos de arroz, trigo e aveia, germe de trigo e muitos outros.

Apesar de estranhos à cultura vigente, esses alimentos são economicamente mais viáveis, ecologicamente apropriados e nutricionalmente corretos. Tanto que há décadas constituem a composição da multimistura, consagrada no Brasil e no mundo.

Acredito que o material de construção corporal do cidadão do futuro,p ara que seja pleno e feliz, tanto intelectual, quanto emocional e espiritualmente, passe pouco pelo processo industrial e muito pela proposta natural. O homem do século XXI não pode ser fisicamente construído de margarina, cereais desnaturados, leite estranho à espécie, açúcar semelhante à cocaína e restos mortais de animais.

O upgrade planetário rumo a uma sociedade humanitária deve passar pelo entendimento de que ecologia e meio ambiente não são só coisas fora de nós, mas o conjunto de nossos hábitos, inclusive no campo do pensamento. Além da boa dieta, o novo cidadão deve priorizar a vida religiosa, entendendo, aqui, “religião” no amplo sentido desta expressão como a “religião cósmica” proposta por Albert Einstein.

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